sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Nem Sempre é Assim!

Palavras são a porta de entrada
Cada uma abre um leque,
assopra os sentidos
e voa em tua direção!
Não são só palavras.
Da boca para fora,
só o beijo não dado!

F.S.S.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Homenagem da Gambiarra Profana


Fabiano Soares da Silva e sua Poesia Sem Propriedade Privada


         Fabiano Soares da Silva, poeta, nascido na Baixada Fluminense, RJ. Passou a Escrever Poesia quando ainda cursava a quarta série do Ensino Fundamental, na Escola Municipal Manoel Gomes, em Belford Roxo, local onde passou a sua infância. Começou a publicar suas poesias quando conheceu o poeta Antônio Cabral Filho, em Niterói.
            Possui uma poesia sem paradeiro à beira da marginalidade literária e da sensualidade desvenda seu verdadeiro amor pela literatura.
  
Algumas publicações:
·        Evento da Vida, 1995;
·        Et Coetera, 1996;
·        Fonte da Rosa, 1996;
·        Poema Pequeno, 1997;
·        Agridoce, 1999;
·        O quê da Poesia, 2000;
·        Pedras & Poesia, 2001;
·        O Pão e a Fome, 2002 (coletânea poética);
·        Se Eu te Disser Um Poema, 2003;
·        Ferrugem no Papel na Alma e no Ar, 2004;
·        Da Sala de Aula ao Olho da Rua, 2006;
·        Pequeno Livro de Poemas, 2009;
·        A Borboleta-Azul, a Mariposa e o Gafanhoto, 2010.



Algumas Obras:

A Borboleta-Azul, a Mariposa e o Gafanhoto



Não quero o amor alheio
Mas o dado, o recebido,
O compartilhado,
O comum
Que caminha
Ao seu galope.
Ao que descansa
No teu colo
E alimenta a alma
Ao que enxuga a lágrima
A privação das palavras.
O telefone toca
E o som privado
E o som privado
Não quer ser reconhecido
Mas o amor não priva,
Liberta
Desperta
O desejo





Pequeno Livro de Poemas

Rabisco teu nome no céu
Como nuvem que desbota
A manhã desvirginada.
Não há mais segredos,
Como nunca houve
E nessa boca de café amargo
Silêncio, ansiedade.
Talvez um beijo
Apague a certeza
Teu olhar acanhado,
A desmentida de teus lábios,
Talvez pergunte: - O céu é azul?
Talvez a resposta que se queira seja dada
Enquanto isso,
Escrevo teu nome
No céu com todas as cores possíveis...





Da Sala de Aula ao Olho da Rua

O destino é a guerrilha
Contra o desprezo e a miséria.
A batalha não é mais na velha ilha
Mas atravessada nos continentes
Como uma artéria
Desenfreada pela vida aguerrida.

Mulheres e homens caminhando
A mesma ideia de mundo diverso
Assim se faz a palavra-de-ordem
Na beira da alma, no fundo do verso.
Na goela a voz e o grito
Mergulhado nos ares dos nossos sonhos
Do tamanho do universo





Ferrugens no Papel


No beijo
Na boca
Na alma
No céu
No corpo
Na calçada
Em todo lugar

Ferrugens
No
Papel
Na
Alma
E
No
Ar






Hoje beijei uma Judia
Por uma noite inteira
Amei uma Judia
Pela manhã, nos abraçamos
Nus, nos beijamos
E juntos, eu e a mulher Judia,
Nos matamos






 Instrumental

O que tinha a ti dizer
Palavras secretas
Portas abertas
Amanhecer


A música instrumental
Teu riso colorido
Jardins floridos
O que é vital


Amanhecer
Portas abertas
Palavras secretas
Feitas pra você


O que é vital
Jardins floridos
Colorido riso teu
Música instrumental





Quando Sós
Matéria imóvel
Carne viva,
Morta em outra hora,
Putrefata
Penso na poeira que aduba
A estrada que esconde os rastros
Que a vida traz.
Nós a levamos nos ombros
Sem perguntarmos se devemos
Sorrir ou chorar.
E nós sorrimos e choramos
Quando nos sentimos sós,
Mas, por que não entendi Averróis?





Ausência

De repente, os espinhos
Não ferem mais e as rosas
Não exalam o perfume
Contido em seus sonhos
E de repente não existem.
Nem de repente.
E a mãe engole o sol
E dar-à-luz
E a luz condensa-se e apaga
No terceiro pôr-de-sol da vida
E a noite posta
Na soleira do esquecimento
Lembra e se perde
Entre um de repente
E outro, no jardim
Que o mundo não viu.





Frases Ocultas

Faltou o leite da criança
E a jovem-filha
Com sua jovem-mãe
Veem o jovem-pai que sai
Na velha-vida
Condução, passagem,
Calote
A esperança foi a primeira
Era uma passageira
Esperando seu dia chegar






Afabilidade
Na vida tudo é simples
Que quase não acreditamos nela.

Percebe-se quando desfilam
Nuas, as palavras
Leves, como a vida.

A vida não se vê
Como os olhos.

- Piedade enquanto o outono
Esconde a estação de ser!







Et Coetera

O fim nunca começa
Porque o começo, nunca termina.
É o que vem na cabeça,
No dia novo que germina.







Convívio

A mãe saca a arma,
Mira, com felicidade eufórica
E atira
Na boca da criança
O leite materno.




* Esta postagem foi publicada em 25 de outubro de 2010 no Blog do zine Gambiarra Profana: http://gambiarraprofana.blogspot.com/2010/10/fabiano-soares-da-silva-e-sua-poesia.html


"A verdade como clareira e ocultação do ente,
acontece na medida em que se poetiza."
Heidegger

Caminhos tão perto de si

Hoje descobri teus olhos
Descobrindo todo meu silêncio
Em tua ternura.
Teus olhos em mim...
Os meus em ti!
Palavras presentes
Compondo melodias
Em teus ouvidos.
Busco teu caminho
E te espero chegar
E te espero sorrir
E te espero dizer.
Talvez o contorno dos dias
Faça-nos dançar
A qualquer hora
Até a luz da aurora.
Talvez a noite nos revele
Todas as luzes
Que nossos passos
Possam querer fazer.
Mas se acaso o vento
Não aparecer
Não arrancaremos
O brilho das estrelas,
A força dos mares,
A robusteza das montanhas,
A sinuosidade dos caminhos.
Sorriremos singelamente
Os nossos atos. Seja aqui,
Seja em qualquer lugar.
F.S.S.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

BUEIRO SEM TAMPA

Fotografia: Fabiano Soares da Silva, outubro de 2010


BUEIRO SEM TAMPA
(Poesia dedicada a Fabiano Soares da Silva)

Eu quero sorrir
Ao invés de chorar
Não lamentar
O que passou

Não acreditar
No paraíso prometido
Que tentaram
Me ensinar

Não me prender
Ao passado
Ingrato
De ter que atirar pedras

De ter que tentar
Sobreviver
Fingir que era feliz
Para poder renascer.



Arnoldo Pimentel

sábado, 30 de outubro de 2010

Todos os caminhos se encontram

Fabiano S. da Silva, Barimar, Rio das Ostras, 24/10/2010
Música, dança, poesia
Meu corpo pede o teu
meus olhos na lua
meu corpo insinua
velhos passos
caminham
se cruzam
quem sou eu?
Findo a noite.
Você vem?
Nenhuma resposta
nenhuma palavra.
O corpo preenche
o buraco do caminho.
Frases, vontade, desejo
adormecem lentamente
em qualquer lugar.
"Ontem foi fácil",
o hoje dói
e o amanhã talvez.
Talvez te encontre.
Talvez a música
peça teu corpo
pra dançar,
mesmo que seja tarde,
mesmo que seja noite,
haverá tempo
para o açoite,
haverá tempo
para nossas volúpias.

F.S.S.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cantar Poesia


Cantar poesia


O que eu queria!

Assoprar
o meu barco a vela.
Velejar teu riso
Sorrir teu olhos!
Me perder em teu universo
fazer diverso
o nosso caminho.
Não estou longe de ti!
Abra teus olhos
acorda teu ser no meu!
Assopro teu barco a vela.
Vejo em ti minha alma
aberta a tua espera!
Veja pela janela:
Estou tão perto
e já não posso mais partir.
Oh, meu Deus!
Como queria
cantar tua poesia!

F.S.S.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Final de Semana

Fabiano Soares da Silva, outubro de 2010


Como é grande a dor
se eu sentisse alguma coisa
mas já não tenho alma
já não tenho amor
abri minha boca
abri meu peito
na tua faca
na tua palavra
e plantei a última semente
mas tudo é de repente
foi assim que tu vieste
arrancou meu siso
arrancou meu riso
e com os pés descalços
me precipito
à beira do precipício.
e neste momento
não há mais caminhos
não há mais tormento
não há mais flores
nem há mais espinhos.
mesmo assim
guardo toda semente
dos meus sonhos de menino.

F.S.S.







Ausência

De repente, os espinhos
Não ferem mais e as rosas
Não exalam o perfume
Contido em seus sonhos
E de repente não existem.
Nem de repente.
E a mãe engole o sol
E dar-à-luz
E a luz condensa-se e apaga
No terceiro pôr-de-sol da vida
E a noite posta
Na soleira do esquecimento
Lembra e se perde
Entre um de repente
E outro, no jardim
Que o mundo não viu.

F.S.S.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O lugar da palavra, o lugar da vida

Fotografia: Fabiano Soares da Silva, Casimiro de Abreu, RJ, 2006



"Carinho desmedido".
- Você me disse.
Há uma centena de pássaros 
em revoada.
Há uma centena de passos 
na caminhada.
Há uma dor de cabeça,
que não seja eu
tua solidão.
O coração
é puro descomportamento.
Assopro teu nome no vento
mas é longe o caminho.
Alguma coisa está preste ao fim:
A solidão derradeira,
a tristeza de todos os dias,
a alegria da noite inteira,
a felicidade das manhãs.
Há apenas uma loucura nisso tudo.
A sensatez de medir todas as palavras
e não viver porque se está em dúvida.
e não viver por não saber o que se quer
e não viver porque a vida é curta.

F.S.S.